terça-feira, 15 de abril de 2008

1 - PERVERSÃO E PÓS-MODERNIDADE

Por Gregorio Franklin Baremblitt*



1. A brevíssima exposição seguinte implica numa abordagem cuja radicalidade excede o espaço disponível, e a possibilidade de definir os termos empregados, os quais, provavelmente não são de uso habitual dos leitores.
2. Definir pós-modernidade é um desafio insuperável. Por um lado, porque os autores divergem demasiado a respeito, por outro, porque se trata de um processo em desenvolvimento, mutante, ambíguo e enganoso. Podemos escolher dois caminhos para essa tentativa: um negativo e um positivo. O negativo gira em torno de que a chamada crise dos grandes metarrelatos, e, eu diria, das expectativas românticas modernas do século passado tem gerado uma dispersão de cosmovisões e um ressurgimento de neoarcaísmos que compromete seriamente a Ordem do Mundo e da Vida (para empregar termos clássicos da filosofia). O positivo consiste em que a decadência das estratificações, códigos e sobrecódigos, territórios e segmentariedades globais, em suma, os valores modernos e seus equipamentos de implantação e vigilância, propiciam tanto a transgressão como a invenção do novo absoluto. O dito vale para todos os campos da atividade chamada “humana”, embora alguns autores atribuam ao pós-modernismo uma predominância estética. 
3. Por sua vez, é de notar que aqui não definiremos perversão pelo seu pertencimento ao campo epistemológico nem clínico das psicopatologias nem da psicanálise. Essas abordagens relacionam inevitavelmente a perversão á subjetividade e ao vínculo supostamente constitutivo entre o desejo e a Lei simbólica (seja como for que seja entendida). Segundo esses pontos de vista a perversão se define por uma ambivalência das vivências e depois da estrutura do perverso entre a convicção de ser o objeto fálico do desejo materno e a pobreza da intervenção paterna, o terceiro que só entra na cadeia significante do sistema materno (único que poderia legitimá-lo) como uma seqüência ordenada, segundo o registro imaginário. Tal composição condenaria o perverso á divalência de uma posição segundo a qual, reconhece a lei paterna como degradada à ameaça ou à derrisão, e conserva a situação de falo do desejo de um outro que, a rigor, não aceita a castração e falta ao tempo que reconhece ao interditor como simulacro de objeto de diversificação do desejo, colocando-se como objeto do desejo de todos (puta) ou como portador de um desejo idealizado de autocompletamento, (a virgem inaccessível). Em todos os casos, o perverso é condenado a humilhar, a devassar ou a violentar a impoluta, assim como a transgredir compulsivamente uma lei nominal sem legiferação procedente. A “perversão polimorfa” infantil, se há tornado una exclusividade repetitiva, não apenas com uma falência do acesso a uma versão consagrada do gozo, senão com a perda da multiplicidade da experimentação libidinal infinita. 
4) Segundo a esquizoanálise de Deleuze e Guattari, o poliverso infinito não totalizável nem hierarquizado das pulsões chamadas “parciais”, não se define como polimorfo por relação á parafernália eticoconceitual de um modo exclusivo, exaustivo e excludente, de constituição do sujeito edipiano e de seu desejo faltoso segundo uma lei que o obriga a “versar” segundo a lógica de uma síntese disjuntiva excludente.
O poliverso libidinal, que não e parcial porque não é parte de nenhum todo é um recorte dentro da multiplicidade rizomática infinita da realteridade virtual imanente a todos os instituídos organizados e registrados, incluída a ordem e o registro simbólicos. Sua potência consiste em gerar, entre as inumeráveis individuações por heceidade, os acontecimentos e devires novos absolutos, inumeráveis produções de subjetivação singulares, que se entretecem nos dispositivos, agenciamentos e máquinas abstratas que compõem a citada imanência entre realidade e realteridade. Essas montagens, heterogêneas, transversais e maquínicos podem, ou não, compor sujeitos, como peças transitórias e funcionais (como é o sujeito marginal a uma produção desejante, testemunha perplexa do esplendor do acontecimento, ou como diria Espinoza, da “Glória de Deus”. O desejo em esquizoanálise é uma realidade pré-ontológica que só sabe produzir); (por isso produção desejante). As infinitas subjetivações que “oferta” nunca se efetuarão como edipianas porque a constituição edipiana do sujeito é a culminação da implantação do Capitalismo Planetário em vias de integração. Trata-se da única opção de produção de subjetividade que a axiomática do Capital (a entidade lógica suprema que preside ao Capitalismo Planetário Integrado) permite à sua Megamáquina de produção de mercadorias - e entre elas, de sujeitos.
A constituição edipiana do sujeito, não é sincrônica nem diacrônica, é simplesmente histórica. Começa nas formações despóticas imperiais asiáticas de soberania, e, depois de una longa trajetória, a Megamáquina do Capital conclui por deslocar seu limite externo (onde ele realmente não pode expandir mais a extração de mais valia e se confronta com o nada assintótico do seu “desejo”), ao “interior” estrutural do sujeito edipiano que reduz a um teatro familiarista as impotências, dependências, proibições e legitimações da sua frustração, privação e castração essenciais. O déspota já legalizado e parlamentarizado, suporte subjetivo do “homem íntimo”. Do capitalismo individualista, competitivo, consumista, narcisista, exibicionista, vouyerista, fútil, sadomasoquista, fascista, genocida, suicida, terrorista de Estado e de não Estado, etc.

5) A rigor as denominações tais como pós modernidade, globalização, neoliberalismo, pós industrial, sociedades de conhecimentos, etc, são apenas sinônimos de uma fase cínica do capitalismo que, até agora, só soube numa década gerar um mundo em que os pobres são mais - e mais pobres, os ricos são menos, e mais ricos, o terceiro mundo se debate na agonia do pagamento de dívidas e os blocos opulentos passam por sérias recessões, grandes dívidas externas, falências bursáteis e bancárias, ameaças de uma terceira guerra mundial terrorista, mentiras bélicoestratégicas, transgressões de todo tipo das fracas entidades depositárias de leis puramente nominais. Á enorme maioria dos Estados, das famílias, das escolas, dos trabalhos, dos espetáculos, dos meios de comunicação de massas, das religiões e muitas disciplinas científicas e acadêmicas, se não estão francamente a serviço dessas tendências, se limitam a protestar mornamente em nome de seus fundamentos e deontologias. 
SE ISTO E VERDADE, MUITOS DE NÓS SOMOS PERVERSOS E PÓS MODERNOS. Mas não somos perversos no sentido da produção de uma subjetividade que sabe e ignora, que aceita e transgride a lei do simbólico. Somos perversos enquanto sabemos para onde estamos indo e não paramos de gozar sem vergonha dos estertores do destino que nos espera. Somos perversos porque cultivamos estereotipadamente e, supostamente, aperfeiçoamos tecnicamente um modo de produção de subjetividade exclusivo, ignorando todos os outros que nos rodeiam com seus exemplos.

6)Felizmente, a produção de subjetivações multiplicitárias gera incessante e velozmente as de que precisa para os movimentos, organizações, manifestações, estabelecimentos industriais, agrários, científicos, populares, artísticos, militantes, redes de economia solidária, ONGs de gestão arriscada e decidida, membros heróicos e mártires da imprensa, médicos sem fronteiras, etc. O chamado terceiro setor, desigual e disperso na sua composição e ação, é a esperança de um mundo governado pela perversão econômico financeira, pelo poder bélico e pelo cinismo cultural, que já nem sequer pretende enganar a ninguém.

A “involução” perversa do capitalismo planetário integrado chegou a um ponto do qual, sinceramente, não sabemos se tem retorno. Mas não é esse mundo que contribui para piorar a patologia dos perversos, independentemente constituídos pelos processos e estruturas do desejo faltoso, da castração fracassada, da lei insuficientemente simbolizada pelo seu registro a nível significante. É esse mundo como rede perversa que os produz e os coloca onde deles precisa.



* Gregório Franklin Baremblitt é Livre Docente Autorizado da Faculdade de Medicina da Universidade Nacional de Buenos Aires e Coordenador Geral do Instituto Felix Guattari de Belo Horizonte. Tem sido Encarregado da Área de Docência e Investigação do Grupo psicanalítico Plataforma Argentina.

2 - PATOLOGIA, ARTE E CURA.

Por Gregorio F. Baremblitt*

Desde hace bastante tiempo atrás, sabemos que solo existe locura para una sociedad que la define como tal.
Como nuestra época es un abigarrado y hasta heteróclito shopping de significaciones, el cinismo del Capital ha conseguido que todos los semantemas: neo-arcaísmos, holopresentismos y archifuturismos coexistan, en relativa concomitancia. La condición para que así sea, es que se tornen conmensurables encuanto mercaderías. Siendo así definir locura, en nuestra contemporaneidad (término a ser tomado aquí “al pié de la letra”), en rigor, implica hacer creer en la validez de todo cuanto nunca fue universalmente creído.
Entonces, locura se dice de un trastorno: de que padece alguien por causas micro o macro heredo genética, adquirida, anátomo-fisiológica, físico-química, o electro informática, comunicacional, o bien insuficiencia, desvío, o deterioro subjetivo, psico, socio, político, económico, semiótica y culturalmente alterados.
O bien al contrario: locura se dice de modos de ser y de existir singulares, que no han conseguido soportar sin producir síntomas graves o inhibir funciones, las diversas formas de rechazo por parte del mundo de lo “no alterado”, o bien han sabido (aunque no al punto de engañar a todos), situarse en lugares y funciones privilegiadas del socius en las que, para bien o para mal, su alteración es tomada como una idiosincrasia socialmente tolerable o hasta necesaria.

Y es claro que no faltan quienes llamen a la locura de “des-razón”, como si a los locos les faltase la razón según la cual los no locos viven, como si esa razón dominante mereciese erigirse en la positividad a partir de la cual las des-razones son pasibles de ser agrupadas negativamente.
¿Y la locura que al mismo tiempo es reconocida como genial? “-A pesar de ella misma”- dicen algunos, “-Debido a ella misma sostienen otros”-.
¿Y la locura que es lo que aparece y desaparece, sin dejar rastros, o la que reaparece solo para volver a desaparecer? Además sabemos que, aceptada cierta caracterización, es arduo no reconocer que, sea lo que sea, la dicha locura, se presenta en formas agudas, subagudas, subintrantes, regulares o continuas, sobcrónicas, crónicas y vesánicas o degenerativas. Así como es incómodo preguntarse si esas vicisitudes, en buena parte, se deben a como se define y se trata (o no se define, ni se trata) a la locura. 
¿Y la locura que ciertos teóricos (¿cripto locos?) llaman, por ejemplo, psicosis, afirmando saber perfectamente en que consiste, al mismo tiempo en que exhortan a los prácticos a no amedrentarse ante ella, aunque no tengan idea de que hacer al respecto?
¿Y como olvidar a los que pontifican que la locura es cuestión de grado, que todos estamos locos, que “el mundo” entero esta loco y que se considera normativización a un nivel de locura compatible con la locura generalizada? 
Reconozcamos que en la citada contemporaneidad es difícil, sino imposible (para los “espíritus” honestos) definir, evaluar y tratar a la locura, hasta el punto en que se dice que quienes no aceptan tal dificultad, están irremediablemente locos.
Ahora bien: sea como sea que se defina, se evalúe y se trate a lo que se entiende por locura, a no ser otros tipos de subjetividades o subjetivaciones, a las que habitualmente se prefiere, por diversas “razones”, llamarles de otro modo, (por ejemplo a los fascistas, a los racistas, a ciertos eugenetistas, psico-cirujanos o psico-carceleros)...se supone que todos queremos que los locos, o “se curen” o sufran y hagan sufrir lo menos posible.
¿Que hemos “descubierto” en estos últimos cincuenta años que sirva a ésas, nuestras intenciones?
Desde hace bastante poco tiempo que sabemos (de acuerdo con lo arriba expuesto), que la llamada locura es una verdadera “bolsa de gatos”, causada por innumerables combinaciones entre los determinantes antes descriptos, mezclados en variables modos y proporciones, así como con componentes aleatorios, impensables, innombrables, imponderables, imprevisibles, caóticos, circunstanciales, accidentales, incidentales, ocasionales y hasta inefables, etc.
¿En que ámbitos se sitúan esas determinaciones? En el sistema nervioso junto con todos los sistemas del “cuerpo”, en las acciones y prácticas en general, en la familia, en la escuela, en el trabajo, en la macro política convencional, en la seguridad pública, en el sexo, en los sentimientos, en la comunicación (de masas y de la todas las otras), en el aparato jurídico, en el lenguaje, en el uso del tiempo libre, en el descanso, en la diversión, en la relación con la naturaleza, con el mundo de las máquinas, de las artes, del deporte, etc., es decir: en todo cuanto consigamos definir como siendo un “ámbito”. Causalidades éstas lineales, circulares, directas, indirectas, progresivas, regresivas, evolutivas, involutivas, dialécticas, factoriales, contradictorias, paradojales, aporéticas, sistémicas, holísticas, y así por el estilo. Un panorama generativo loquísimo, propio de especialistas harto locos.
Pero que hemos aprendido en materia de alivio a los sufrimientos de los “portadores”, eufemismo que sugiere que la locura es algo que alguien “porta”, sea como “el burrito de San Vicente, que lleva su carga y no la siente”, sea como “los seguidores de la moda, que se saben grotescos y no se incomodan”.
Que hay medicamentos muy eficientes, siempre que se los use apenas para “restaurar las condiciones de un encuentro posible, porque en nuestros tiempos, todo cuanto es grotesco, tarde o temprano será imitado”.
Que el abordaje en familia es un instrumento esencial, siempre que no sea el único y que no se pretenda “devolver al loco al seno de una familia. Familia ésta, o bien inexistente, o bien antropoémica o antropofágica, de la cual el loco es “emergente” como diría Pichon Rivière, pero tampoco es “hijo pródigo”, como diría el Antiguo Testamento.
Que el trabajo, con supuestas excepciones (ocultamente patogénicas) es todo él alienado, cuando hay empleo u ocupaciones remunerativas, de la cuales cada vez hay menos.
Que la pretensión de seguridad, sea del orden que sea, es un revival delirante en el cual ni los locos creen.
Que como lugar de adquisición del saber curativo, la escuela estatal no funciona, y que las privadas, según los propietarios y los usuarios (que quieren “sanamente” vender y comprar diplomas), tienen como su principal obstáculo a algunos profesores, o sea a los intermediarios de la transacción, que están lo suficientemente locos como para querer enseñar.
Que el amor y el sexo, como cualquier mercadería, se han tornado tan accesibles como descartables. 
Que no existe mayor distancia que entre el Derecho y la Justicia, aún cuando se decida tomar el Derecho en serio, siendo que, en ese sentido, la mayoría de los agentes del Derecho son esencialmente humoristas.
Que las Religiones son tantas y tan mercantiles como los modelos de teléfonos celulares, y casi en todas ellas la comunicación con Dios está cortada, así como la Comunicación de Masas, que en vez de una Aldea Global, ha creado un campo de concentración virtual en el que en vez de cámaras de gas, ofrece innumerables cámaras de TV, emplazadas en todos los puntos necesarios como para que la intimidad se torne pública y lo público se transforme en publicitario.
¿Y la Macro política? Ha devenido ambidiestra: todos los políticos profesionales son de izquierda y de derecha, sofisma que permite que todos sean de centro y que el centro sea de todos, los que están en el centro, y no en la periferia. La Macro política partidaria nunca fue más que un espectáculo, pero ha ganado mucho en sinceridad: electores, elegibles y electos siguen mintiendo como antes, pero sus mentiras se han transformado en un ritual en el que nadie cree, así cada vez son menos los que participan. Todos saben que es “el menos peor de los sistemas”, y duerman durante el show, porque creen que no hay alternativas y subscriben la idea de los Movimientos Populares son locos.
Entonces, en que consiste nuestra ayuda actual a los “portadores de sufrimiento mental”: en emplear todos los dispositivos y recursos, artificiales o no, en dosis equilibradas, para hacerlos vivir, aunque sea por un momento, como debería ser el mundo que los diagnosticó de locos, preparándolos así para sobrevivir a la locura del mundo y batallar para que lo que su locura contiene como alternativas, sea conocido y adoptado por los “cuerdos”. 
Ahora bien: ese dispositivo, siempre apenas inicial, cuya logística, estrategias, tácticas y técnicas deben ser cuidadosamente planeadas y ejecutadas pari passu, deben tender a la participación, la cogestión o la autogestión, rigurosamente evaluadas según el estado actual y un balance continuo de las capacidades del usuario y la de los agentes y equipamientos disponibles. Como viejo agente de la llamada “salud mental”, siempre me han causado gracia (para disimular mi horror) los organigramas, los fluxogramas y los “planismos”, como decía René Lourau, compuestos de pasos que supuestamente todos los usuarios deben recorrer en una orden, un espacio, un tiempo y una sucesión pret a porter, válida en todos los casos. Las feroces rivalidades entre los partidarios de un solo “propietario” organizacional, una sola teoría y una sola técnica en las curiosamente denominadas: prevención, diagnóstico, tratamiento, cura y rehabilitación en “Salud Mental”, corren el peligro de tornar-se, al mismo tiempo, agente y usuario de sus procedimientos. No me refiero a las honrosas luchas contra las internaciones prolongadas, en establecimientos semicarcelarios y en aislamiento e incomunicación, o contra la hipermedicación estupidizante, o contra la contención violenta, o contra los procedimientos de shock, o contra la indicación fanática, exclusiva y excluyente de un procedimiento psicoterapéutico (o como se quiera llamarle). Nadie que no esté “loco”, en el sentido negativo de la palabra, o “loco por ganar mucho dinero o mucho poder”, puede defender esos procedimientos. 
Me refiero a los que no creen en la posible colaboración crítica entre diversos establecimientos y recursos pertenecientes, tanto al Estado, como a la Sociedad Civil, como al Tercer Sector, etc. La Salud Mental es un deber de Estado y un derecho de los pueblos. Pero para ejercerlos solidariamente, es preciso que haya un Estado competente, honesto y solvente, así como es necesario que exista un pueblo vivo, conciente de sus derechos y no corrompido por el Estado (el Capital, etc.). 
La democracia nominal y formal en la que existimos exige la unión de todas las fuerzas disponibles y el ejercicio de la eterna vigilancia de cada instancia sobre todas las otras, y a la inversa, de todas las otras sobre cada una. ¡Y, por favor!, no me vengan con el argumento de que la transparencia es una virtud vigente del Estado, ni que los canales para ejercerla están abiertos. La incompetencia, la corrupción y el abuso del poder-saber son condiciones continuadas de toda la sociedad y deben ser incesantemente vigiladas, non solo por la sociedad como un todo, sino por el sector en cuestión sobre si mismo.
El Arte no es una excepción a ésa regla, pero es interesante destacar que, por su misma “naturaleza” esencial, es prerrequisito para la producción artística, la “obsesión” de la misma por la creación en si. ¿Pero no se podría decir lo mismo de la invención científica, o del pensamiento filosófico o de la vocación religiosa? Creemos que no. El Arte puede ser reprimido, recuperado o comprado, (por el Estado, el Capital o el Mercado), pero eso acostumbra a ocurrir después de haber creado el producto. El Arte, que no consiste en sus resultados, sino en su proceso, es tal vez la actividad humana que más precisa purificarse de esas ambiciones, para poder entregarse a la aventura de lo desconocido “inútil”. Por más difícil que sea saber, juzgar y evaluar al respecto, la actividad estética que no logra ser así, no logra ser.
En términos platónicos, el Arte no aspira a ser Idea Pura ni Buena, ni mala Copia. El Arte auténtico es puro Simulacro.
Más aún, el Arte es un productor de preceptos y de afectos, que crea, con la materia prima de las percepciones y las sensaciones así como de las afecciones. Tales preceptos y afectos son la “obra” del Arte. 
Ellos son el ser de lo artístico, no tienen, ni precisan de sujeto, ni de objeto, son diferencias intensivas, pueden ser tan efímeras como anónimas. Su ser es la potencia de hacer audible lo inaudible, visible lo invisible, perceptible lo imperceptible. 
Lo que conocemos como “producto” del arte, es una cartografía de viaje capaz de suscitar en el intérprete, o en el degustador, o en el paisaje melódico, perceptos y afectos igualmente intensos, pero ya diferentes. Porque las obras, no se reducen, pero no pueden prescindir, de dinamismos espacios temporales, de extensión y de temporalidad, de autor y de degustador. Los preceptos y los afectos son expresiones de la Idea, ambigua y oscura, pero pluripotencial, que es suscitada a expresarse en diferencias por los atractores extraños de una luz, de un color o de un sonido, que son los materiales que convocan a la Idea a expresarse. 
Dos sentencias han polarizado y, durante mucho tiempo, satisfecho, el afán humano por la simplicidad sin talento.
Una dice que “el arte imita a la naturaleza”, la otra postula que es “la naturaleza la que imita al arte”.
¿Que misterioso afán por la reproducción y la simetría opositiva a-crítica, solaza a los espíritus con ese juego de espejos?
¿Que Pensamiento y que Afecciones definen éstos contrarios y los vinculan por un nexo de mimesis?
¿Se trata de una síntesis conjuntiva excluyente, asimilativa y contrapuesta, la operación racional por excelencia, que modera los virtuales excesos de estos vocablos y de sus referentes realitarios?
Porque el resultado de esas proposiciones, devuelven la paz a las bellas almas, que necesitan de Modelos y de Copias para adquirir el poder que confiere el hecho de enunciarlas, como si el supuesto protagonista de la producción de esos significados, pudiese situarse de modo ontológico pero veladamente estético, en cualquiera y en todos los términos de esa paradoja?
O sea que, si la naturaleza imita al arte, es un ser natural quien profiere esa asertiva. Así siendo, le basta con ser natural para ser artístico. O si, por el contrario, es el arte el que imita a la naturaleza, solo quien tiene la sensibilidad artística, que es condición necesaria para tal reconocimiento, es quien detenta una “naturaleza” artística. 
Y “grande es la superioridad” de quien consigue pensar, sentir y expresar las dos fórmulas como siendo compatibles, es decir que “la naturaleza imita al arte y el arte también imita a la naturaleza, y viceversa”, porque alguien que así lo afirma no precisa, ni de participar del ser de una cosa, ni del de la otra, sucesiva y alternativamente, sino que supone devenir naturaleza y arte en una sola y misma expresión.
Pero entonces el problema se desplaza al semantema “imitación”, porque ya sabemos que ese movimiento, o imita una idea con una cosa o una palabra, o imita dos ideas entre si, o imita una palabra con otra. E imitar no es inventar, (imitatio no es creatio), y si el enunciante es inmanente a las citadas sentencias, no va más allá en su manifestación que el verbo imitar, que no es un sentido que mantenga una relación de presuposición recíproca con un estado de cosas y que eventualmente favorezca líneas de fuga que lo tornen un acontecimiento que se pueda atribuir a un devenir.
La manifestación de subjetividad que compone éstas oraciones es la cualquier enunciado general-particular aunque contradictorio.
Ahora bien: si se quiere rendir homenaje a la conceptualización aristotélica, o a la tardía de Girard, insistiendo en articular la doble proposición citada, para tornarla un acto inmaterial de sentido, que se atribuye a una acción material de los cuerpos, que incluye una subjetivación singular, es preciso incluir por lo menos una operación más. Así cabe enunciar que el arte imita a la naturaleza como la naturaleza imita a la subjetivación que la enuncia, la cual a su vez imita, dentro del mismo régimen sucesivo o simultáneo, a la serie infinita de los campos posibles y actualizables de la realidad. O dicho de otro modo: la naturaleza imita al arte como el arte la imitaría, y como esas imitaciones imitarían a sus subjetivaciones inmanentes y éstas, a su vez, a las infinitas singularidades de las multiplicidades abiertas no mimetizables, porque éstas no crecen sin mudar de “naturaleza”. Pero esas formulaciones no son, ni racionales, ni ontológicas, ni estéticas, ni subjetivantes “aceptables”, realterazón dramática, y desindentificada, es decir, des normativizada, que solo se cura experimentando imitar lo inimitable. O sea, entrar cada vez más imitando dramáticamente, para que se crea que se está saliendo. Sin embargo, dramatizar no es traducir fetiches en símbolos, ni éstos en íconos. Dramatizar exige el olvido activo de los modelos originales y de sus traducciones y puntuaciones.
Naturaleza, arte, subjetivación y mundos saludables, son así el resultado del fracaso de la tentativa verdadera de imitar, es decir, de la dramatización de la diferencia.
La locura está loca de lo que exigen imitar, y de la convicción que le transmiten y le hacen asumir, de que ser empleado por una Idea para crear es carecer de Ser. 
El eclipse de la extensión y del tiempo, así como de las subjetividades, para la creación de diferencias o variaciones estéticas, es lo que la locura intenta sin cesar, y lo que el “mundo” le prohíbe, porque se empeña en permanecer en su Ser. 
Los síntomas y las inhibiciones, así como los delirios y los sueños son tentativas espontáneas de “cura”, no del sujeto, sino del proceso. Tal vez por eso hablar acerca de, y practicar Arte-terapia sea, al mismo tiempo, una estrategia respetable y un pleonasmo. El Arte es cura, si por cura se entiende la restauración de un concepto de locura que siempre fue la salud de los artistas. El arte de vivir. Lo-(que)-cura.
Rendimos así homenaje a los movimientos de des-manicomialización (organizacional y subjetiva), al de los hospitales de día, a las comunidades terapéuticas, a las pensiones protegidas, a las free clínicas americanas, a los de acompañantes terapéuticos, a los clubes de mentalmente diferentes, pero mucho deseamos para todos ellos que sean concebidos y gestionados con las artes, como una arte y por amor al arte, única práctica no humana, o más que humana, que tiene como fin y como medio, la libertad. 

*Gregorio Baremblitt es Psiquiatra y Docente Libre de Psiquiatría de la Universidad de Buenos Aires, así como de varias otras Universidades del País y del extranjero.