Para desenvolver uma klínica do klinamen e da diferença, quer dizer, do desvio inventivo, e não uma clínica-padrão clinos passivo, com algumas variedades codificadas, é preciso criticar e recriar todas as suas dimensões.
É recomendável adotar um paradigma clínico prevalentemente ético, estético e político, ou seja, artístico, em lugar de um prevalentemente científico e/ou místico, ainda que estes últimos não estejam radicalmente excluídos.
É recomendável gerar e aplicar incessantemente uma teoria transcognitiva, exposta em discursos e semióticas variáveis, que seja capaz de dar conta da universalização de singulares e não da generalização de particulares.
É recomendável que essa teoria seja inseparável de intervenções guiadas mais por logísticas, estratégias, manobras e táticas páticas que por métodos e técnicas racionalizadas.
É recomendável a crítica e reinvenção contínuas da profissionalidade e da especificidade que haverão de tender a se tornarem cada vez mais modalidades de heterogêneses e de militância, involucrando a multiplicação dramática dos dispositivos de teorização e de intervenção. Trata-se de definir a prevenção como uma aliança para a plena realização da Vida, os transtornos como dificuldades existenciais, o tratamento como a atualização das virtualidades de que se dispõe e a reabilitação como a transmutação crítica dos mundos aos quais se pertence.
É recomendável que os dispositivos e recursos teóricos sejam empregados prevalentemente em sua dimensão pragmática, e que os agenciamentos interventivos se aproximem cada vez mais dos âmbitos e práticas da cotidianidade do trabalho, da educação, do lazer, etc.
É recomendável que os prestadores de serviços e os usuários dos mesmos se beneficiem constantemente de uma atenção igualmente ativa e recíproca no processo klínico, sendo que o mesmo tenderá a ser cada vez mais coletivo, menos especializado e hierarquizado, assim como mais incorporado à existência diária.
É recomendável que se assuma que só estamos “enfermos” porque os ubíquos processos polimorfos de exploração, de dominação e de mistificação nos fixam em identidades e funções necessárias para a vigência de tais processos. Para poder “desmascarar-nos” dessas fixações, é preciso devir e acontecer infinitos “outros” (naturais, sociais, subjetivos e maquínicos) inumeráveis modos de forma e substância, conteúdo e expressão.
É recomendável enfatizar que o processo produtivo do qual somos parte é onipotente e inesgotável e que o mesmo está coartado, reprimido, acelerado ao infinito, ou capturado, ou recuperado, pela reprodução e pela antiprodução, cujos modelos dominantes são o Estado e o Mercado, dos quais somos peças. Assim, dito em um sentido muito amplo e polivalente, klínicos serão todos os procedimentos destinados a liberar-nos desses modelos dominantes para re-singularizar-nos continuamente.
É recomendável ter em conta que todas as operações próprias do processo de produção podem entender-se e protagonizarem-se como dramatizações. Dramatização está aqui dito como sinônimo de todas as modalidades inventáveis de devir como realidades e de acontecer como sentidos drasticamente novos. Nesta acepção, dramatizar pode entender-se como inventar e inventar-se, produzir, revolucionar e... por que não?.... Klinicar!
Da profissionalidade e das especificidades, que tenderão a se tornar cada vez mais modalidades de heterogêneses e de militância, involucrando a multiplicação dramática dos dispositivos de teorização e de intervenção. Trata-se de definir a prevenção como uma aliança para a plena realização da Vida, os transtornos como dificuldades existenciais, o tratamento como a atualização das virtualidades de que se dispõe e a reabilitação como a transmutação crítica dos mundos aos quais se pertence.
É recomendável que os dispositivos e recursos teóricos sejam empregados prevalentemente em sua dimensão pragmática, e que os agenciamentos interventivos se aproximem cada vez mais dos âmbitos e práticas da cotidianidade do trabalho, da educação, do lazer, etc.
É recomendável que os prestadores de serviços e os usuários dos mesmos se beneficiem constantemente de uma atenção igualmente ativa e recíproca no processo klínico, sendo que o mesmo tenderá a ser cada vez mais coletivo, menos especializado e hierarquizado, assim como mais incorporado à existência diária.
É recomendável que se assuma que só estamos “enfermos” porque os ubíquos processos polimorfos de exploração de dominação e de mistificação nos fixam em identidades e funções necessárias para a vigência de tais processos. Para poder “desmarcarar-nos” dessas fixações, é preciso devir e acontecer infinitos “outros” (naturais, sociais, subjetivos e maquínicos) inumeráveis modos de forma e substância, conteúdo e expressão.
É recomendável enfatizar que o processo produtivo do qual somos parte é onipotente e inesgotável e que o mesmo está coartado, reprimido, acelerado ao infinito, ou capturado, ou recuperado, pela reprodução e a antiprodução cujos modelos dominantes são o Estado e o Mercado, do qual somos peças. Assim, dito em um sentido muito amplo e polivalente, klínicos serão todos os procedimentos destinados a liberar-nos desses modelos dominantes para re-singularizar-nos continuamente.
É recomendável ter em conta que todas as operações próprias do processo de produção podem entender-se e protagonizarem-se como dramatizações. Dramatização está aqui dito como sinônimo de todas as modalidades inventáveis de devir como realidades e de acontecer como sentidos drasticamente novos. Nesta acepção, dramatizar pode ser entendido como inventar e inventar-se, produzir, revolucionar e... Por que não?.... Klinicar?
Por Gregório F. Baremblitt
Um comentário:
Agradeço ao professor com um poema que fiz em 2012, ao klinicar em uma Equipe Mambembe de Saúde da Família Rural do Assentamento da Barra - Ribeirão Preto:
Klínica Mambembe
Mambembe é a atitude que subsidia um plano
Imanência conceitual enlaçada em território
Processo da vida plantada em lares nos lotes
Naqueles pontos de intercessão
Entre a casa e a floresta vividos
No território e no galpão
Família e comunidade
Equipe no chão batido desliza
Trabalho que, em cada casa
Explora potencialidades para além do trivial
Recompõe a caminhada insistente
Com barro e pedra, vento e poeira
Na hospitalidade generosa que cativa
Doce tlintar da alma no corpo
Trata-se, então, de mudar a escrita
Clínica passa a se escrever com ‘K’
Para além da pálida postura passiva
Com a Klínica discute-se e compartilha
Presentemente, entram em ação
Ilustres visitantes que, curiosamente
Ultrapassam as barreiras do instituído
E brilham... Brilham como luz intensa
Que se incorpora aos trabalhos e, desde já
Produzem saudade...
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